terça-feira, novembro 20, 2007

João Paulo II (1920-2005)

Posto aqui a minha homenagem ao sacrificio, á dignidade, á resignação e á devoção e fé (sem limites!) humana de entre muitas de outras qualidades de Karol Józef Wojtyła, na sua pessoa outrora Papa João Paulo II.
Posto aqui a minha homenagem aquele que sabedor das inúmeras artes da tragédia humana, presente em toda e qualquer parte onde se envolva o Homem, soube gerir como nenhum outro sensibilidades sobre casos que de tão vergonhosos quanto escabrosos que a minima referência só já seria suficiente para abanar toda uma estrutura e todo um equilibrio que interessava preservar a todo o custo para não submergir no completo caos e descrédito toda uma organização que se pretende modelar (e que todavia modela grande parte do globo) do comportamento humano.
Karol Józef Wojtyła sucedeu a Albino Luciani como Sumo Pontífice e logo após a morte deste em circunstâncias ainda por explicar.
Como é sabido o Papa do povo tencionava pôr em práctica uma série de medidas que nunca foram bem recebidas pela ala mais conservadora do Vaticano, entre elas constava pensa-se um pedido de desculpas pela posição neutral, quase cúmplice da Igreja durante a II Guerra Mundial.
Durante todo o seu pontificado João Paulo II, que ostentava no nome a vontade e a fé do seu precessor soube gerir o tempo de maneira a poder realizar parte da obra de João Paulo I.
Apesar da desconfiança mas sempre sem provas e sem nunca nada nem ninguem dentro da própria Igreja mostrar vontade ou sequer interesse em revolver na "roupa suja", João Paulo II deteve-se no silêncio, culpado talvez por abnegação, resignado a não ser apenas uma voz solitária a clamar pela verdade.Resignado a não mexer em feridas demasiado recentes que poderiam muito bem envolver toda a organização incluindo os seus mais próximos bem como os seus próprios mentores.
João Paulo prefere dar tempo ao tempo, entregando-se assim ao seu ofício, prostrando-se ao sacrificio e sempre com a dignidade da inocência, resignado á vergonha que a assunção de uma culpa global que ainda antes da sua morte viria a assumir num formal pedido de desculpas á comunidade judaica, tomaria no seu mais intimo ser.
Vive no trauma. Vive na angústia, na vontade de refazer as coisas como devem ser feitas. Devota-se sem apelo nem agravo em devolver aos cristãos o brio e o orgulho-próprio de uma comunidade que procura o Bem.
A sua fé é testemunhada por milhões de católicos por todo o mundo e o seu pedido de desculpas, tardio é certo mas sincero, devolve aos seus fieis a confiança e a dignidade de uma religião que professa a paz e o amor por toda a Humanidade.

João Paulo II, O Papa bem amado.