sexta-feira, maio 07, 2010

Portugal não é a Grécia !

Mar, muito mar; um istmo , melhor quase uma ilha tanto é o mar que nos rodeia. E nos une, não o mar que num é Oceano e noutro é Mediterrâneo, mas o sal e a água que o abriga. História. E tantas outras estórias entre outras mil identidades. Tanto o sangue jorrado na defesa de uma própria ideossincrasia para legar aos filhos desesperados. Quase 3 os mil anos que os helénicos bordaram de poesia, de filosofia, arquitectura e todas as artes. Quase 3 os séculos que os lusos encheram de novos mundos. E sempre o sangue. De um lado vertido na defesa de uma mentalidade, de uma civilização que sempre se vira contrariada, rebaixada quando não mesmo humilhada pela vizinha e completamente oposta invasora cujo dominio até para lá do fim do mundo era inquestionável. Do outro, esbanjado, num orgulho incomum, num orgulho imberbe de não pertencer a nada nem a ninguem a não ser a um Todo. E por um Todo, mas este um Todo-Poderoso, partiram mundo fora a dispersar a palavra. E o futebol. Ai a loucura do futebol. Não foi só a final que nos uniu. Mas foi tão somente uma inevitabilidade. Um confronto genético. Um confronto de hereditariedades que o tempo tantas vezes desfasou para os reunir numa arena onde todas as virtudes e defeitos se encontram. Frente a frente, uma Grécia defensiva, absorta, na mira expectante de uma Nação doente, alienada, estéril de esperança que não a dos seus herois dos relvados, e um Portugal ofensivo, expansivo, fugidio de sí próprio e dos seus olhos que não o largam, no medo de os decepcionar. Um Portugal crente nas capacidades de uns quantos artistas que de finta em finta driblam as escorregadelas que os restantes não conseguem evitar.
Portugal não é a Grécia - Dizem os números e repetem os analistas.
Eu repito o resultado do último confronto destas duas desesperadas e cada vez mais Nações.
Portugal 0 - Grécia 1
E estes sim são os números que não mentem. Que no calor da refrega espelham aqueles que mantêm a clarividência e os objectivos, não importa as condições a que estão sujeitos.
Não os números fabricados, por outros tantos artistas em outros tantos dribles a disfarçar as grosseiras escorregadelas dos restantes que não as conseguiram evitar.
A grécia levou a taça e não foi por mero acaso.