quinta-feira, dezembro 02, 2004

E ja que se fala de cultura...

E já que falamos de cultura , pegamos ao acaso num poema retirado da net , e submetemo-lo à apreciação de um especialista , que no caso preferiu o anonimato dado tratar-se de um ... bem adiante com a crítica :

Eis o Poema intitulado,

Brazil


Como eu gostava de ser brasileiro ,
falar de tudo , sem receio
inventar palavra,
escrever poema pelo meio
ah, como eu gostava de ser brasileiro
correr na praia
jogar pelada o dia inteiro
dizer piada
sobre não ter dinheiro
ai como gostava de ser brasileiro
não ter regra
dormir o dia inteiro
escrever para o galanteio
e viver do que vêm ou do que veio
ai como eu gostava de ser brasileiro
ser feliz pelo mundo inteiro
nem que o coração se abra
exploda de tão cheio
ai como eu gostaria de ser brasileiro
esse berro que saia
de vez e por inteiro
essa voz guiada
essa voz de guerreiro
ai como eu gostaria de ser brasileiro
essa voz que se erga
que passe para primeiro
que rasgue o nevoeiro
que perpetue este óbvio devaneio
AI COMO EU GOSTAVA DE SER BRASILEIRO.

" Trata-se de uma fraude poética , a começar pelo título que postula um Brasil estrangeiro , visto portanto pelos olhos de um turista certamente acidental sem conhecimento de causa de uma dor nacional que nem eu que tambem nunca estive lá poderei de certo descrever. Não é que não haja vontade de até exaltar algumas qualidades no poema , e muito menos vontade de ir tambem ao Brasil , ou Brazil como lhe chama o pretenso autor , e pretenso porque não é mais que pura pretensão este texto erradamente adjectivado como poema, mas não existe de facto qualquer espécie de qualidade que lhe possa ser inferida.
Começamos a análise aos versos , o autor , ou melhor o pretenso , começa uma rima sistemática que acaba por perder-se na malha do próprio poema ( ?? ) , melhor será designa-lo por projecto. Assim temos uma rima ordenada no estilo A, B, C , B , A , D , A , E ,A , F , A , A , que acaba sem regra e sem o mínimo de respeito pelas normas establecidas. Depois há que salientar que parece um poema cortado pela metade , ou duas metades coladas , como se tivesse sido escrito na praia , ou no intervalo de um jogo de futebol. A ausência de uma métrica vísivel , de uma regra impele este projecto para a piada , para uma desconsideração total , sem vergonha de dizer coisas sem sentido , quase a resvalar no riso-próprio de quem não têm dinheiro ou qualidade para escrever, limitando-se por isso a uma escrita de taberna, de engate para não ir mais longe. Este projecto no fundo quase que se escreve a si mesmo , sem a presença do pretenso , devido a uma sina , a um porvir e um passado unidos fortuitamente , e essa união acaba mesmo por ser a presença activa nos últimos versos , ignorando mais uma vez todo o decoro por alguma ordem ao tornar-se uma voz que parece contida mas que brada sucessivamente uma ideia impressa numa rima , ou seja um total absurdo.
Concluo esta crítica com o seguinte conselho , que este pretenso vá de imediato para o Brasil para conhecer melhor essa cultura que tanto desconhece e que me parece lhe ser odiável. Foi tudo o que consegui reter deste pretenso projecto. Ou eu não percebo nada de poesia o que é muito díficil, ou não consegui entender nada do que este Brazileiro quer. "