segunda-feira, março 03, 2008

E da costela se fez País

O recente estudo da SEDES sobre o actual momento do quotidiano Português só veio confirmar que afinal de contas nem todo o País tem andado a dormir. De facto se formos a desenterrar todas as crónicas, todos os artigos de opinião, todos os avisos dos mais reputados comentadores nacionais só nesta ultima década e meia, então este tão falado estudo não passaria sequer de um seu pequeno anexo, acoplado e actualizado á sempre tentadora escala da ameaça.
O que é mau neste estudo não é o que revela o seu conteúdo mas sim o que não revela. Os anos consecutivos de continua ignorância dos sinais, claros e inequívocos, que este dia, o dia em estudo, o dia da SEDES, se estava já a delinear e a projectar a sua data de chegada. E para grande mal dos nossos pecados, quis a ironia que não se adiasse ou chegasse atrasado, como é característico na maioria dos projectos nacionais, antes pelo contrário, fez quando muito questão em chegar uns anitos mais cedo contrariamente ao que seria esperado. Isto só, a publicação deste estudo, merecia no mínimo um pedido formal de desculpas de toda a classe politica em Portugal, porque é no mínimo ultrajante que toda a gente tenha antecipado este dia excepto os ditos senhores políticos, responsáveis directos pelo governo da Nação. No mínimo dos mínimos que se impedissem (os próprios partidos em sinal de contrição) certos senhores (protagonistas principais dos governos-comédia dos últimos anos – Leia-se pós Cavaco) de se aproximarem sequer da Assembleia da Republica.
E como exemplo dessa cegueira trago o caso do Alentejo que nas décadas de 80 e 90 viu os seus ricos latifúndios (propriedade de uns poucos e mesmos latifundiários) afogarem-se nos infindáveis subsídios da Protectora Europa por não verem nada mais á frente que um lucro fácil e rápido sem se preocuparem nunca com futuro da região. Ficou pois o terreno propício á desertificação, vítima do desemprego que politicas subsidiárias obrigaram em nome da evolução económica. Irónico, no mínimo. Mais irónico ainda é o reflexo desse mesmo Alentejo que o País agora está a atravessar. Vitima de dupla erosão (desertificação), a costeira que o empurra para o interior, e a humana, que o empurra para o apetecível litoral, sempre um potencial turístico.
È caso para dizer: E da costela se fez o País. Bíblico. Apocalíptico e actual como a SEDES bem retrata e ameaça.