quarta-feira, março 05, 2008

Quando aqui os votos são brancos

Vive-se hoje e porque enferma a nossa democracia, as eleições alheias de um modo até agora por aqui nunca visto. Se até há bem pouco eram as primárias americanas quem ajudava a saciar a nossa sede de esperança (até isso agora temos de importar), agora é mesmo aqui ao lado que saciamos (tirar a barriga de misérias) o nosso apetite intelectual no sempre exasperante mas fundamental debate das eternas Espanhas que se voltam a digladiar nas urnas muito brevemente.
Há aqui um elemento novo que até agora nunca o País assumira com tamanha honestidade, fruto da estagnação e esterilização de um panorama político nacional já desde há muito, pouco fértil e dado a debates alargados ou de índole ideológica, que é a necessidade primária de buscar ou procurar o mínimo indicio ou qual será o reflexo dessas saudosas doutrinas politico-ideológicas no nosso pequeno e deficitariamente asfixiado País outrora Espanha também. E não se trata de mera curiosidade (antes o fosse!) mas sim de uma estranha esperança de que algo aqui também possa vir a mudar.
Onde há dinheiro (e em Espanha ainda há embora tudo indique para nossa infelicidade que a maré vai mudar) há lugar ao debate ideológico sem que este enferme do momento e do imediato resultado. Há lugar a politicas, ou seja o fruto de estratégias melhor ou menos bem pensadas para o futuro a médio-longo prazo do País.
Onde não há dinheiro (e aqui não há dinheiro!) só há lugar a lamento e ao super-aproveitamento desse mesmo lamuriar para justificar a ausência de estratégias e politicas fundamentadas.
Na Rússia votou-se. Medvedev ganhou com perto de 70% e 35% de abstenção dizem e dizem também que apenas e só por indicação de Putin. Aqui a abstenção ronda os 70% para eleger aquele que o Monstro (sim o Monstro ou já não se lembram dele : O Sistema) indica, ou seja aquele que mais lamuria e lamenta em seu nome.
Em Espanha e nos USA vota-se. E os votos contam e são contados. E cada voto é um voto.
Aqui vota-se. Mas os votos são brancos e os vencedores os mesmos. Os monstros.
Aqueles que o Sistema indigita.