Histórias da Noite (2)
(...) Perdida na floresta negra, havia adormecido no meio dos ciprestes, em cima de uma pedra lisa que se assemelhava estranhamente a um altar. Havia fugido de algo que a assustara, correndo descalça e em camisa de noite branca que a cobria até aos pés. A noite, ali, era negra. Não se via a lua meia inchada que minutos antes se erguia atrás da sua casa, observando-a, vigiando-a. Algo se passou entretanto... Correu o mais que pôde, ignorando as dores causadas pelas feridas nos seus pequenos pés descalços. Não via um palmo à sua frente. Apenas ouvia os sons da floresta. Tropeçou. Os longos cabelos negros, desalinhados, cobriram-lhe a face. Deitada no chão, ergueu o rosto e olhou em frente. À sua frente, dois pontos amarelos como duas pequenas chamas. Levantou-se e caminhou lenta mas seguramente. Dois passos apenas. Ajoelhou-se e distinguiu nos dois pontos os olhos de um mocho. Acariciou-o em contemplação. Deitou-se e o mocho aproximou-se do seu rosto. Fechou os olhos, finalmente tranquila, como se soubesse porque estava ali o mocho. A criatura da noite velou pelo sono da jovem mulher. Voou para longe poucos minutos antes do raiar do dia.
Quando a manhã acordou, os primeiros raios trespassaram o céu que envolvia a floresta, incidindo exactamente sobre o altar de pedra, meio tumba, em que adormecera. Despertou. Ao seu lado, onde antes havia estado a criatura que velara pelo seu sono, estava uma rosa branca...
Quando a manhã acordou, os primeiros raios trespassaram o céu que envolvia a floresta, incidindo exactamente sobre o altar de pedra, meio tumba, em que adormecera. Despertou. Ao seu lado, onde antes havia estado a criatura que velara pelo seu sono, estava uma rosa branca...
* Foto: "Night_Forest" de BlackFairyWitch
3 Comments:
..Qual seria a interpretação freudiana deste texto?..
Bom, não sou dado a interpretações a uma hora tão matinal. Gostei.
Beijo.
Bem...já entraste no despique com os outros dois senhores :)
Anda uma negridão para estes lados, ai ai ai!
Pseudo... pois foi. Mas eu gosto do negro. Os meus textos pseudo-líricos são sempre a dar para o negro. Falta-me originalidade entre outras coisas...
Luís & all the other names you've got: esses nomes todos são para não dares nas vistas de que estás vidrado em mim? lol
Quanto às interpretações freudianas ainda bem que não te alargaste já que o senhor usava o sexo como argumento para todas as suas teorias, desde o diagnóstico até à intervenção terapêutica, de modo que nem sequer comento; já para não falar do facto de o senhor ser claramente misógeno!
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