quinta-feira, abril 24, 2008

A Ferreirinha e a Cigarra

Manuela Ferreira Leite não quer, e não quer de todo, ser a Hillary Clinton portuguesa. Para isso haverá que evitar os embaraços fratricidas que os democratas não esperavam acontecer. O Partido, agora mais ao género de um estilhaço, terá que ponderar as suas prioridades antes ainda que se inicie qualquer campanha dos possíveis candidatos. È forçoso que isso aconteça em nome de uma transparência e de uma estabilidade que o Partido hoje e agora necessita. Assim se o objectivo imediato for arrumar a casa, haverá uma mancheia de candidatos que poderão assegurar a sua concretização, mas nunca preencherão o requisito de elegibilidade que geralmente se pretende de um secretário-geral de um Partido político.
Convenhamos que Manuela Ferreira Leite é competente, é mais que capaz, e é sobretudo de uma consistência férrea que a impede de desistir do mais pequeno dos seus objectivos. È por isso mesmo a candidata ideal no momento para o lugar de Secretária-Geral do Partido. Não há hoje no PSD ninguém mais qualificado que ela para “arrumar” a casa, com a excepção talvez de Miguel Cadilhe que será um trunfo a guardar para as legislativas, pelo que compete ao Partido e antes mesmo que se entre em quezílias enviesadas que apenas atrairão mais lodo ao lamaçal, decidir se prefere reorganizar-se e fortalecer-se de forma a voltar a ser um Partido credível e uma verdadeira oposição ou se pelo contrário prefere continuar a ser um espectáculo mediático de políticos “show-off “ que contrapõem ás vezes as decisões do executivo.
Há de tudo nas fileiras do PSD, desde o candidato da TV á formiguinha, desde o estadista por excelência ao perfeito académico. E há Pedro Passos Coelho que reúne as qualidades necessárias para ser líder e para liderar (que são coisas diferentes) mas que precisa de tempo e de um partido estruturado para o apoiar.
Espera-se que saia de imediato ou o mais breve possível uma decisão consensual do conselho nacional do partido antes mesmo de os pré-candidatos arrancarem e já como infelizmente tambem já é hábito para as estações televisivas numa série de campanhas pró-americanadas com o objectivo de eliminar a maior parte possível da concorrência.
Está na hora de escolher o Partido. Está na hora de se trabalhar em prole do partido.
Está na hora da formiguinha reinar.

terça-feira, abril 22, 2008

A minha América enviesada

Desde que ouvi comparar Pedro Passos Coelho a Barack Obama que a ideia não me sai da cabeça. Vivemos irreversivelmente num País cada vez mais americanizado e se depois da bipolarização crescente (apesar de ainda não totalmente como é o caso Espanhol) que deu ao País nos últimos 20 anos a alternância PSD-PS e que hoje teme-se poder deixar de existir tais as manifestas semelhanças programáticas e executivas entre os dois partidos vem hoje o PSD e com as suas intrincadas lutas fratricidas avivar mais ainda as já muitas similaridades com a realidade americana. Se Passos Coelho é Barack Obama então Ferreira Leite tomará o lugar de Hillary Clinton, a herdeira do Barrosismo contra o sangue novo deste jovem loiro até há bem pouco um dos demais ilustres desconhecidos que povoam esta cada vez mais aviltada Nação. Sem poder contar nem com Barack nem com Obama nas suas fileiras resta ao PS, nesta enviesada distorção dos US, o papel dos Republicanos que em boa verdade e na vertente puramente burocrática e estatal representa e defende o “establishment” á sua maneira liberal e de esquerda. Entramos assim e á nossa maneira, numa espécie de versão desbotada das primárias americanas, única fórmula encontrada de atrair a atenção dos cada vez mais alienados Portugueses, fartos de tudo o que se possa sequer aproximar de politica.