domingo, outubro 24, 2010

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Sabem-me os segundos ao teu vazio ...
Caem-me como pedras as horas sem ti ...
Ouço-as zombar da minha patetice ...
E sátiras marcarem-se aos gritos ...

E passa o tempo sem ti ...
Como um rio numa enchurrada ...
Sem destino ... e implacavelmente destruidor ...
Obstinado na tua busca ...
Na demanda da tua memória ...
Essa tua memória... Que é a sua consolada e pacificadora foz ...

Preconceito

Não há coisa mais dificil de combater que um preconceito. Seja ele de que natureza fôr é a maior barreira humana jamais erigida. Se a grande muralha da China existe for a pensar nele, no preconceito, que foi construída. Uma enorme imagem visual capaz de incutir em qualquer mero transeunte o pré - conceito da inquestionável magnitude e grandeza de uma nação toda poderosa que assim se escusava aos esforços de o provar diariamente nas suas fronteiras. O preconceito, devido á nossa natureza preguiçosa, está difundido por toda a parte. Em todos os campos e áreas. Funciona um pouco como que um território, uma memória daquilo que somos ou almejamos vir a ser. Não é á toa que estes últimos tempos de consumismo desenfreado grassaram pelo nosso País afora como arma e borracha de preconceitos antigos. O consumismo é a mais rápida e eficaz arma para atordoar qualquer tipo de noção ou imagem que de nós emana. Tem a capacidade única de nos confundir dada a polivalência do dinheiro. Mas é efémero o seu efeito, a não ser que continuamente perpetrado. O preconceito, como essência de uma memória viva de um individuo, é virtualmente impossivel de eliminar por completo, principalmente quando se trata de sujeitos directamente relacionados. Quanto mais próxima a ligação do sujeito, mais dificil se torna o rebate do preconceito, uma vez que a perpetualizaçao (quanto mais próximo mais enraízado se torna)de uma imagem erradamente establecida leva que aquando de uma resposta a essa predisposição, esta se tome como desrespeitosa e até mesmo absurda a sua tentativa. São os mais próximos muitas vezes aqueles que sem o saberem nos criam mais barreiras. Por causa desses mesmos preconceitos. Dessas imagens perpetuadas de uma noção inculcada mas que é sempre reversivel (errar é humano ... Mas ao Homem tudo é possível) e que a nossa necessidade de catalogar, de diferenciar e sobretudo de establecer memórias (a memória da ideia dos outros ajuda-nos a consolidar a nossa própria estrutura, lá está a noção de fronteira e de barreira que é em última análise um preconceito) e limites impede de considerar.
A verdade é que o preconceito está erigido um pouco sobre nós e sobre a nossa segurança quando reagimos com os demais individuos, daí a sua força e resistibilidade.
Está na altura de reconsiderarmos estas fronteiras imaginárias e de começarmos a dar segundas oportunidades, sobretudo aqueles que nos são mais próximos.

domingo, outubro 17, 2010

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Murmuram-me ...
Murmura-me o vento quando distraído me toca,
Murmura-me a intensidade do teu olhar ...
Murmuram-me ...
Murmura-me o ecrã negro do pc ...
Negro e melancólico ...
Saudoso dos contornos do teu olhar ...
Murmuram-me os sorrisos das pessoas por quem passo,
Murmuram-me a beleza inigualável do teu sorriso maior.
Murmuram-me ...
Como tambem eu te murmuro em palavras silenciosas o íntimo discurso que tenho quando te revejo.

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O dia berra por ti ...
Nas fachadas dos prédios o teu nome ribomba como (n)um ritmo afrodisiaco.
Nos campos a tua silhueta estende-se pelo verde,
Que incendiado,
Clama eufórico pela tua presença ...
Os animais ... confusos ... denunciam um milagre,
E os carros e as máquinas emperram atónitos perante o ensurdecedor clamor do dia a berrar por ti ...

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Inquitam-me ...
Os teus selvagens e indómitos cabelos negros.
Inquitam-me ...
Quando se arrancam longos, livres e altivos da tua face angelical.
Inquitam-me ...
Porque sei a minha mão parca e tosca para os segurar.
Inquitam-me esses cabelos negros ...
Mesmo que amolecidos pela doçura do teu olhar ...
Inquitam-me porque os sei irresolutos ... Inquebrantáveis ...
Como o teu contido encanto.

terça-feira, outubro 05, 2010

(H)Omnipresente