quarta-feira, maio 31, 2006

1 de Junho: Dia da Criança

A 1 de Junho celebra-se o dia da criança e eu questiono-me:
num país onde falham a Família, a Comissão de Protecção de Menores, os Tribunais de Família e o Estado, o que é do futuro das nossas crianças?

A 26 de Janeiro de 2006, o jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS anunciava que “cem crianças por dia eram vítimas de maus tratos em Portugal”. Durante o resto do ano, quase diariamente, os jornais anunciavam a morte de uma criança ou uma situação de risco, como foi o caso da bebé Fátima Letícia, que chocou o país. Mas também a bebé Ana Sofia Cruz, de seis meses, foi internada com um traumatismo craniano, desidratada e com baixo peso. Entretanto, ao longo deste ano, morreram o Leandro (6 meses) e o Yuri (3 anos). Nos últimos seis anos morreram igualmente vítimas de abusos e maus tratos a Joana (8 anos), o Daniel (6 anos), a Vanessa (5 anos), a Catarina (30 meses), a Beatriz (18 meses), o Tiago (17 meses) e o Sandro (2 anos).
Estas (e outras) crianças sofreram pelos maus tratos e negligência das suas famílias, assim como pela incompetência e total irresponsabilidade e desinteresse das Comissões de Protecção a Menores.
Num hospital de uma cidade de Portugal há uma criança de 7 meses, abandonada desde a nascença, que não conhece outra casa senão aquela. Há 7 meses que se espera uma decisão judicial acerca do destino daquela criança que, entretanto, ali vai crescendo e vivendo a sua infância sem o calor de um lar nem o carinho de dois pais. O Tribunal, porém, parece mais interessado em brincar com este caso do que em atribuir-lhe uma família, falhando com esta criança tal como já havia falhado com a mãe desta, de 16 anos. Enquanto a criança, nascida prematura, se vai desenvolvendo com os carinhos de pediatras e enfermeiras, única família que conhece – bem hajam a esses profissionais! -, o tribunal, ao fim de sete meses, lembrou-se de recolher testemunhas que comprovem que o suposto pai da criança mantinha uma relação com a adolescente (quer me parecer que este magistrado precisa de umas aulas de ciências e educação sexual). Lá se lembrou, mais tarde, de fazer um teste de ADN. A criança parece que vai crescer mesmo na pediatria do hospital até que alguém se lembre que tem o seu futuro nas mãos.
Entretanto, em entrevista à RTP1, acerca da delinquência dos jovens nas escolas, o senhor Secretário de Estado da Educação afirma “não haver resposta” e nada se poder fazer quando se trata de uma comunidade problemática. Esquece-se o senhor secretário de Estado que aqueles jovens vão ser o futuro daquela comunidade e do nosso país? Como é que nos podemos desresponsabilizar do que se passa com as nossas crianças?
Sim, no dia em que se celebra o Dia da Criança eu gostava que as nossas crianças vivessem com a protecção, o amor, a atenção e a preocupação que lhes devemos...

segunda-feira, maio 29, 2006

Com a noite surge uma porta que dá entrada nas trevas. Percorro essa passagem alumiada apenas por uma lua grávida de luz. Sopra uma suave brisa de liberdade e inspiro-a profundamente, sorvendo a pouco e pouco a agradável sensação de libertação. Em cada estrela sinto um beijo. Não! Não sorrias pois não são os teus lábios que me tocam. Tu ficaste além das trevas, no esquecimento de um rio que passou. Chego ao bar. À porta apenas um ou dois carros.Toco à campainha e, enquanto espero o porteiro, lanço o olhar ao céu que me observa com ternura. Sorrio. Abre-se a porta. Apenas o barman. Entro e a casa está vazia. Sorrio de novo. Relembro as cenas cinematográficas em que o cliente passa uma longa noite de partilha de confidências com o barman. Eu prefiro, contudo, pedir um café e saboreá-lo em lentos goles, em silêncio. Depois saboreio o meu cigarro e esvazio a minha mente ao compasso do fumo que vou expirando. Esvazio-me de ti...

domingo, maio 28, 2006

Trabalhar faz Mal* (1)


Faço parte de duas estatísticas: professores no desemprego e recém-licenciados no desemprego. Entrei para as estatísticas em Setembro de 2005, depois de terminar o estágio pedagógico. Dificilmente me conformei com a minha situação (diga-se que olhar para as paredes não é um hobby muito interessante). Em Dezembro desse mesmo ano escrevi uma carta aberta ao primeiro-ministro e à ministra da educação agradecendo-lhe o facto de me estarem a pagar tão bem para não fazer nada, pese embora o facto de que o que eu desejava era estar a exercer a minha profissão que tanto amo. No entanto, nunca me senti bem neste quadro. Não me sentia bem para com o meu país e trabalhadores no activo. Queria TRABALHAR! Foi então que num acto de loucura enviei a minha candidatura espontânea para a Universidade de Bari (Itália), que figurava no site do Instituto Camões como uma das cátedras associadas. Candidatei-me como professora de Português para estrangeiros.
Pouco tempo depois, em Janeiro de 2006, sou contactada pela responsável pelo departamento de Língua Portuguesa da referida Universidade, que se mostrou interessada na minha contratação, pedindo-me, no entanto, cautelosamente, algum tempo de modo a verificar se, burocraticamente, a minha contratação seria possível em tão curto espaço de tempo. No final de Fevereiro sou chamada para me apresentar o mais rapidamente possível e começar a leccionar a 8 de Março. E eu fui! Porque queria trabalhar...
Antes de ir, solicitei à senhora doutora que me enviasse o meu contrato, ao que esta respondeu ainda não ser possível. Tratando-se de um ensino superior público não me preocupei... e fui... trabalhar...
Lá cheguei a Itália, a Bari, que imediatamente me apresentaram como terra da Máfia... Mas que me importava a Máfia? Eu queria era trabalhar!!
A primeira semana revelou-se logo muito “peculiar”. Andei a semana inteira atrás daquela que era a minha “chefe” para me resolver dois problemas importantes: 1) o horário de aulas e trabalho; 2) o contrato. Julguei que estava a perguntar pelo óbvio, mas as minhas demandas revelaram-se perguntas absurdas e sem resposta. O contrato foi sendo adiado de dia para dia (já começava a achar estranho); quanto ao horário nunca obtive resposta, diziam-me que o acordasse com as alunas e quando perguntava “Mas a que horas é a primeira aula?”, respondiam-me “de manhã”... Ora a manhã tem muitas horas... mas como diz a outra “Isso agora não interessa nada!”. E assim passou a primeira semana: com muitas dúvidas e nenhuma resposta...

terça-feira, maio 23, 2006

Crónicas de uma Portuguesa em Terras de Itália - Intro

Tudo começou assim:

http://www.vozdasbeiras.com/index.asp?idEdicao=109&id=4523&idSeccao=946&Action=noticia

(Dezembro de 2005)

segunda-feira, maio 22, 2006

Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes


Hoje celebra-se o aniversário de Sir Arthur Conan Doyle.
Nascido a 22 de Maio de 1859, Sir Arthur Conan Doyle é mundialmente conhecido como o criativo inventor de Sherlock Holmes e do “elementar, meu caro Watson”.
Este autor escocês herdou da sua mãe o gosto pelos livros e pelas histórias de aventura e suspense. Assim, foi na sua juventude que escreveu o seu primeiro conto, intitulado The Mistery of Sasassa Valley, mas o seu primeiro romance de sucesso foi publicado em 1886: A Study in Scarlet, a primeira aparição de Sherlock Holmes e Dr. Watson.
Estas personagens e as suas histórias tiveram um sucesso tão grande que deram origem a uma série de romances policiais, peças de teatro, séries televisivas e filmes. Muitos são os estudiosos desta personagem, com um carácter tão marcado e um “bilhete de identidade” tão completo. O fascínio em torno desta personagem levou mesmo à criação de um museu no endereço que é dado nos livros de Sir Arthur Conan Doyle como sendo o da residência do famoso detective: 221b da Baker Street.
Outro romance (entre muitos) de inegável sucesso é The Lost World, o qual foi adaptado para uma série televisiva e que conta as aventuras do Dr. Challenger no comando de uma expedição a um “mundo perdido” onde redescobrem fauna e flora pré-histórica.
Este brilhante escritor escocês faleceu a 7 de Julho de 1930 mas o seu espírito ficou imortalizado na sua extensa obra.

sexta-feira, maio 05, 2006

(in)diferença

A cidade. Fumo de escape que penetra o meu cheiro. O alcatrão, o barulho dos trabalhadores. Pessoas alienadas. Calos nas mãos. Sobrolho cerrado. A rigidez das árvores. O luto. O castanho. Ponteiros monótonos. Um atropelamento. Sangue amarelo. A indiferença.