1 de Junho: Dia da Criança
A 26 de Janeiro de 2006, o jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS anunciava que “cem crianças por dia eram vítimas de maus tratos em Portugal”. Durante o resto do ano, quase diariamente, os jornais anunciavam a morte de uma criança ou uma situação de risco, como foi o caso da bebé Fátima Letícia, que chocou o país. Mas também a bebé Ana Sofia Cruz, de seis meses, foi internada com um traumatismo craniano, desidratada e com baixo peso. Entretanto, ao longo deste ano, morreram o Leandro (6 meses) e o Yuri (3 anos). Nos últimos seis anos morreram igualmente vítimas de abusos e maus tratos a Joana (8 anos), o Daniel (6 anos), a Vanessa (5 anos), a Catarina (30 meses), a Beatriz (18 meses), o Tiago (17 meses) e o Sandro (2 anos).
Estas (e outras) crianças sofreram pelos maus tratos e negligência das suas famílias, assim como pela incompetência e total irresponsabilidade e desinteresse das Comissões de Protecção a Menores.
Num hospital de uma cidade de Portugal há uma criança de 7 meses, abandonada desde a nascença, que não conhece outra casa senão aquela. Há 7 meses que se espera uma decisão judicial acerca do destino daquela criança que, entretanto, ali vai crescendo e vivendo a sua infância sem o calor de um lar nem o carinho de dois pais. O Tribunal, porém, parece mais interessado em brincar com este caso do que em atribuir-lhe uma família, falhando com esta criança tal como já havia falhado com a mãe desta, de 16 anos. Enquanto a criança, nascida prematura, se vai desenvolvendo com os carinhos de pediatras e enfermeiras, única família que conhece – bem hajam a esses profissionais! -, o tribunal, ao fim de sete meses, lembrou-se de recolher testemunhas que comprovem que o suposto pai da criança mantinha uma relação com a adolescente (quer me parecer que este magistrado precisa de umas aulas de ciências e educação sexual). Lá se lembrou, mais tarde, de fazer um teste de ADN. A criança parece que vai crescer mesmo na pediatria do hospital até que alguém se lembre que tem o seu futuro nas mãos.
Entretanto, em entrevista à RTP1, acerca da delinquência dos jovens nas escolas, o senhor Secretário de Estado da Educação afirma “não haver resposta” e nada se poder fazer quando se trata de uma comunidade problemática. Esquece-se o senhor secretário de Estado que aqueles jovens vão ser o futuro daquela comunidade e do nosso país? Como é que nos podemos desresponsabilizar do que se passa com as nossas crianças?